Não vou dizer o meu nome, por enquanto. Digo-vos apenas a minha idade, 56 anos, se é que isso quer dizer alguma coisa. Se falasse sobre mim… diria que me considero alguém que viveu e vive intensamente as horas que me dão todo este ar cansado que recuso a olhar no espelho e a aceitar, porque nada tem a ver comigo. Nem todos somos brindados pelo tempo. Tempo… Tempo… O que é isso comparado com o que sinto no peito? Com esta vontade de percorrer tudo o que ainda não percorri e amar-te intensamente como se fosse o primeiro dia? Recordas-te do primeiro dia? Eu nunca me esquecerei, passe lá o tempo que passar. Não dá. Jamais daria para esquecer o dia em que a minha vida passou a estar deveras completa e cujo tracei por integral o homem que queria ser. Naquele dia em que nos enxergamos por mero acaso (não me lembro a data mas, para quê datas e mais datas, se não foi isso que tornou encantador o encontro do meu ser com o teu?). Foram momentos encaixados em instantes de segundos que se prolongaram entusiasticamente até aos dias de hoje. Pela trama do destino entrelaçamos nossos caminhos e a partir daí nunca mais se separaram. Não imaginar-me-ia a compartilhar o meu leito com outra cara, com outra pele, outros olhos e outras palavras. És tu e sempre foste tu quem eu esperei mesmo não sabendo de inicio se serias tu. Hoje, com esta idade, um jovem ainda, percebo o porquê do medo quando algo bom demais vem ter connosco, vindo do nada, talvez, e nos deixa sem reacção. Medo é o que temos, medo. Medo de sermos felizes não esperando que fosse tão fácil. E tão fácil que foi conhecer-te naquele dia em que pela primeira vez tive o medo de ser feliz, porque sem saber, sabia que serias tu. Se hoje morresse sem te ter tido como minha mulher, sem te ter levado ao altar que uniu celestialmente o que já ninguém separia, sem te ter entregado o anel que possuis no dedo, e não te dissesse o que aproveito para te escrever agora, voltaria do túmulo insatisfeito porque não cumpri, pateticamente, devo dizer, o dever de te fazer minha. Porque sei, que a idade também nos ensina alguma coisa, que enquanto não fosses minha, viverias à deriva no amor, parando de porto em porto sem que finalmente pudesses aportar. E eu no túmulo remexer-me-ia de remorsos, meu amor.
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2 comentários:
Se chegar aos 56 um dia, e assim que quero ser. =)
Bruno Pereira
Depois de tanto tempo de leitura assídua, achei que deveria deixar uma marca minha...não sabes, porque nunca to disse, mas venho ao teu blog muitas vezes, sempre que acho que acho que de alguma forma ele me pode ajudar...Tens melhorado a tua forma de escrever,surpreendeste-me especialmente com este..está muito bem conseguido!antes de mais, os meus parabéns...
Mas sabes, ha outros dois poemas que me mantêm cativa à sua leitura...o nosso, que tão bem descreve o que fomos, somos e seremos, assim o espero!descreve uma relação inigualável a qualquer outra de tão peculiar que é, a nossa!tenho tanto orgulho naquilo que nos tornámos com o passar do tempo...ha momentos, em que me sentiria perdida sem ti!Eu sei que sabes, mesmo que não o demonstre tal como devia, sei que o meu silêncio é entendido!
E o outro poema, "desparte-me o coração", deixa o mais escondido em mim surgir, como se nada mais existisse à minha volta...ao lê-lo passam na minha cabeça, 4 anos e meio de peripécias,mas essencialmente de muito amor...encaixa na perfeição naquilo que eu e ele sentiamos...que saudades que este poema me faz sentir!!!a falta que ele me faz...mas enfim, o poema será para sempre guardado como forma de resumo de um amor inacabado e eternamente duradouro!!!
Desta forma termino o meu extenso comentário, com um simples "parabéns" conseguido com mérito apenas teu...um beijinho para a maninha que tanto amo!
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