segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Vagueando na mesma tela


De onde venho não existem pressas.
Esfumam-se as ampulhetas.
O tempo, não o noto passar.
Não existe passado, futuro, só presente.
Tudo é igual e nada muda.

Há quem diga que de onde venho não existe nada,
porque o presente sem o passado e futuro, nada é.
Mesmo assim...,
talvez venha do nada e para o nada vá,
ou talvez permaneça no nada, avistando o nada,
e lutando para que nada aconteça.
Não sei se prefiro rir, se prefiro chorar,
se prefiro correr ou apenas sentar,
se prefiro viver ou então sonhar,
se prefiro dormir ou nunca acordar,
se prefiro ver ou apenas olhar,
se prefiro derrotar ou sair derrotada.
Não sei o que prefiro.
Talvez não prefira nada,
e se preferir nada será,
porque de onde venho só existe presente,
e nele não existe espaço para mais nada.
O que me cai nas mãos é o que devo aceitar e se não o fizer, nada mudará.

De onde venho as raízes das árvores mostram-se corajosamente.
Sinto vida longínqua, talvez porque o mar me parece morto e as montanhas frias.
As nuvens carregadas, mas no fundo vazias.
As pedras não mais que pedras doloridas.

Contemplo uma vida de longe...
Uma vida em que me sinto presa numa paisagem de onde não quero sair.
O mundo é muito mais assustador lá fora, dizem.

Nada envelhece, nada amanhece ou anoitece.

Retida numa miragem de loucura.

Imortal permaneço.

1 comentário:

Anónimo disse...

"as nuvens carregadas mas no fundo vazias"
de onde foste tirar isto? está absolutamente suave e intenso... tens noção da velocidade que o texto ganha com estas rimas
torna-se uma experiência relaxante e excitante lê-las! caso para dizer.... quero mais! lol
um beijo =)*