Se um dia perder a noção e não sentir mais o chão que me ampara, as ávidas fragrâncias e graças, as notas divinas, os fluidos movimentos, as suaves texturas, o sublime brilho, a perpetua existência de todas as coisas, bem como, a evolução de tantas outras… Se um dia deixar de sentir esta necessidade motivada de escrever, escrever e escrever sem obrigação ou motivo aparente, não estarei mais entre os demais.
De boca seca,
lábios atónitos,
olhar selado,
corpo brando,
– Inspiro –
Sussurro a mim mesma,
espíritos frágeis,
ideias loucas,
fantasias,
invenções.
– Expiro –
O ar maciço percorre-me as cálidas narinas.
O fresco aconchega-me o corpo dilatado.
Sereno! – ordeno a este corpo exaltado –.
Conserto compostamente todo o pulsar.
Sinto o toque arrepiante da consciência:
Se um dia ficar doente de mim própria;
abandonar o que realmente é majestoso;
ambicionar o mundo estranho,
o que não se vislumbra;
contemplar o de dentro e …
– Silêncio – ;
Se o meu meloso mar virar salgado,
e tão esgotado o meu sol esmorecer,
as promessas me irão certamente esquecer.
Se um dia não desencovar atalhos;
e os pés pesarem magoados ,
os ossos ameaçarem quebrar;
é tudo Isto que quero levar.
Um cosmos cintilante e perfeito.
Sentimentos negros transformados em pérolas,
Sem pressentimentos e desassossegos,
Jorros supremos de felicidade,
Gargalhadas dinâmicas,
Risos completos,
Palavras gordas,
Bem-querer
Honra,
Amor.
Nestas páginas tão bem conhecidas.
É esta a lição que quero guardar.
Se um dia tudo acordar mais cansado.
É assim que quererei voar.
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