Ó lua onde refugias
o homem solitário
que por ti vagueia?
Ó lua porque sinto
teu sangue lavando-me
o corpo e transfigurando-o?
Porque não rebentas
os espinhos dos roseirais
que a ti toda envolvem?
Conta-me o teu pior crime!
Conta-me quem te castigou
dessa terrível maneira!
Conta-me…
Que pecado fora cometido
para pagares tal sentença?
De quem as vozes afrontas-te,
para seres retalhada
sem dó ou piedade
sob o reflexo da pia
onde de perto te vislumbro?
E as metades negras,
mortas, escondidas e esquecidas?
Para onde viajam elas
enquanto enganas
olhos escuros d’miragens?
Que seria de ti,
se a lâmina da foice,
com que cortas as nossas
crescentes silvas cegasse?
E que seria de nós?
E que seria de ti,
se teu peito fosse enfim
aferrolhado pelo belo luminoso
espartilho que te cobre?
Vagueias também tu
na sombra penosa,
arrojada em tuas pisadas.
És só hoje ao meu ver
o castigo mais visível.
O reflexo de todos nós.
sábado, abril 30, 2005
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