sábado, novembro 05, 2005

Quem És?

E foi apenas um adormecer
para me ver olhando
um vulto negro e sombrio
bem lá no fundo do alcance.

Um rapaz, talvez , já um homem…
Estamos longe, todavia,
não há ângulos entre
meu olhar e aquele ser.

As íris dos meus olhos claros
dilataram diante da minha vontade
ao querer ver quem ele é.

Contudo não o enxergo,
não tem face, nem braços,
nem pernas, nem tronco,
ou boca que me fale,
olhos que transmitam algo.

Somente vejo o seu vulto
reflectido num espelho anterior
que copia cada movimento seu.

Vejo sombra, negra,
pouco nítida, desaparecendo em momentos
e sola de sapato,
cuja embala o corpo
numa corrida permanente.

Não vem a meu encontro
o homem de longe.
Vem correndo, pisando
as mesmas pegadas.

Estendo a mão, o braço, o corpo
a um desconhecido, a uma sombra,
que me atrai, que hipnotiza,
que sem palavras percebo seu sofrimento,
que me grita na mente e pede por meu socorro,
que me olha olhos nos olhos de olhos fechados
e eu?! Eu nada percebo, apenas me viro mais uma
e uma vez mais na cama. Na cama gelada, abandonada de esperanças.

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