terça-feira, dezembro 21, 2004

A Força da Inocência

Nas ruas das pequenas aldeias
Vagueava a mais pura inocência
Movendo-se como o vento
Tão transparente a sua alma
Deixando no ar o seu perfume a romã
Fazia beicinho para os gostos amargos
Lançava um belo sorriso
Ao arco-íris sem fim
Sentia-se livre no seu corpo tão mortal
Sentia-se presa à sua inocência angelical
Vestia-se de branco para poder brincar
Corria pelos mais belos campos
Contando a muitos os seus segredos
Gritando a todos a sua felicidade
Cheirando o doce perfume das flores
Admirando a beleza de cada uma

Defrontava a sua própria sombra
Qual das duas a mais veloz
Sorrindo sempre à sua derrota
Sabia ler muitos olhos e corações
Mais frios que o gelo gelado
E todos os dias adormecia
De uma forma tão calmamente
Não tento nada a que se culpar

Um dia rodopiava velozmente
Na montanha da sua felicidade
Velocidade tão grande esta
Que no chão acabou parando
Surgiu então algum sangue
Que o sol fez questão de secar
Pediu socorro a vales e montes
Nenhuma resposta obteve
E o vento triste começou a esfriar
Pois nada poderia fazer

Sentiu pela primeira vez a solidão
Tão presente no seu apelo
Derramou lágrimas de tristeza
E algum tempo passou, então
Chegou o momento de reabrir os olhos
E olhou para a sua ferida
E riu-se!
Riu-se da sua parvoíce
Riu-se de toda a solidão desconhecida
Riu-se de toda a tristeza sentida
Fechou novamente os olhos
Apoiou as mãos pequenas no chão
E levantou todo o seu corpo
E pensou!
Sabendo eu o pouco que sei
De aqui estar tão protegida
Sem avistar o meu irmão, Homem
Que me ajudaria por interesse
Que é mau para o próximo
Que sabe mentir tão bem
Que tem gosto pela vingança
Que é fraco na bondade

Hoje muito juntei ao meu pouco
O que é bom, digno, puro
Não é tão frágil o quão parece ser
Muita força possui no interior
Move mundos e fundos
Revelando o seu grande puder
Anestesia toda a dor existente
Dando-nos força para erguer
Dando-nos força para continuar
E finalmente acordei
O choro lavou minha vista
De todo o pesadelo encenado
Tentando apenas confundir a razão
Mas posso afirmar seguramente
No bem que me sinto ao saber
Que desvendei a verdade encoberta
E que conseguirei seguir meu caminho
Mesmo que volte a cair
Mesmo que volte a me magoar
E por fim saber que encontrei
O meu estimado e procurado lar