domingo, maio 01, 2005

Aflição

Os lobisomens vagueiam
pisando o eco da mente
Insuportável o seu uivar
que atormenta a razão
Os passos que formam pequenos
aceleram a cada segundo
esvai-se em sangue
dos olhos curiosos por verdade
E um estoiro mental dá-se
O corpo cansado e velho
cai e desliza nas ruas
alcatroadas com vergonha
Nada mais é exacto
A estatueta de pedra
onde o nome de uma rua
habita, é neste momento
o abrigo d’um analfabético
As Luzes avistadas de longe
são o sinal de aproximação
dos tanques de guerra
vindos da estrada perdida
E no desespero da fatalidade
os acompanhantes da noite
candeeiros luminosos
comemoram a desgraça

Um Simples Poema

A vida joga às escondidas comigo,
conhece todos meus esconderijos,
conhece-me melhor que eu mesma
e não me avisa de novos perigos.

Ela lê meus pensamentos,
fico sem saber onde me esconder
e em vez de me ajudar a ganhar
parece que me quer fazer perder.

Ataca-me não sei bem porque,
não sei o que ganhará com isso,
em pouca me ajuda a pobre,
com quem terá ela um compromisso?

E há qualquer coisa em mim
que aos poucos vai cessando,
talvez seja a paciência
que ela me anda limitando.
“Não há alma que aguente”.
Não há essência que não se perca.
Em vez de ser minha inimiga
podia ser minha mão direita.

E e este olhar não é o mesmo,
o sorriso então apagou-se,
a esperança anulou-se
e a rapariga que fui
já mais se identifica com
a rapariga que hoje sou.

E são as notas celestes que saem
duma guitarra longínqua
e entram singelas no ouvido
que pacificam a permanente queda de lágrimas.