Vejo-as
como deusas,
como
inspirações longínquas
daquilo
que quero encontrar.
Um
reflexo límpido da pureza em minhas mãos.
Espelho
da perfeição que todas elas serão.
Venero-as
e torno-as como minha ambição.
Tenho
em mim as loucuras de um homem
com desejos
que eu próprio confesso estranhar.
Um êxtase
moribundo de todas querer congelar.
Pedaço
a pedaço pelo meu traço
colecto
a carne que não me pertence,
o
olhar suave que encobre o ser denso.
Na superfície da tela
recrio
pigmento a pigmento
todo o
poder, magia e beleza
de
qualquer presença intensa.
Pinto-as
a primor.
Não
lhes roubando nada, se não a doce essência.
Mas é
sem intenção que as consumo na plenidão.
As
sugo e deixo morrer na poltrona ou cadeirão.