segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Sabiam a Framboesa...


Ele:

Eu não sou um homem muito romântico. Posso dizer que já tive em mãos muitos corpos femininos mas poucas vezes me senti apaixonado. Isso não é para mim. Tenho que aproveitar a vida, pois é efémera! A coisa mais intensa que tive e que poderia ter sido um caso de sucesso, foi um relacionamento que faz uns dois anos. Um dia conheci uma mulher linda, e quando digo linda, era mesmo linda! Algo me atraiu instantaneamente. Não sei se foi química, só sei que momentos depois de a ver estava a falar com ela como se a conhecesse há séculos! Uma semana depois estávamos juntos! Fui completamente louco em fazer uma coisa destas! Uma mulher na vida de um homem é um perigo! Ainda mais quando esta sente que o tem nas mãos! Quer dizer… eu não estava nas mãos dela, estava enrabichado, é diferente!

Um dia disse-lhe isto: “Gosto dos teus lábios: sabem a framboesa! Quero que saibas que se um dia por motivos que nem eu sei, tivermos que virar costas um ao outro, posso garantir-te que vou recordar para sempre esses lindos lábios com sabor a framboesa.
Hum… Nunca provei tal sobremesa!
- Sorri com ar de malandro. Recordo. -
São doces, melosamente doces! Suaves…, docemente suaves!
Meus Deus. São Irresistíveis!”
Sinto-me excitado só recordar… Trinco os meus pensando nos seus, como se pudesse haver qualquer ligação. Sou um parolo!
Foi das coisas mais bonitas que disse a alguém e ela nem ligou!


Sobre livros


P.s: Cliquem sobre a imagem se não conseguirem ler.

Vagueando na mesma tela


De onde venho não existem pressas.
Esfumam-se as ampulhetas.
O tempo, não o noto passar.
Não existe passado, futuro, só presente.
Tudo é igual e nada muda.

Há quem diga que de onde venho não existe nada,
porque o presente sem o passado e futuro, nada é.
Mesmo assim...,
talvez venha do nada e para o nada vá,
ou talvez permaneça no nada, avistando o nada,
e lutando para que nada aconteça.
Não sei se prefiro rir, se prefiro chorar,
se prefiro correr ou apenas sentar,
se prefiro viver ou então sonhar,
se prefiro dormir ou nunca acordar,
se prefiro ver ou apenas olhar,
se prefiro derrotar ou sair derrotada.
Não sei o que prefiro.
Talvez não prefira nada,
e se preferir nada será,
porque de onde venho só existe presente,
e nele não existe espaço para mais nada.
O que me cai nas mãos é o que devo aceitar e se não o fizer, nada mudará.

De onde venho as raízes das árvores mostram-se corajosamente.
Sinto vida longínqua, talvez porque o mar me parece morto e as montanhas frias.
As nuvens carregadas, mas no fundo vazias.
As pedras não mais que pedras doloridas.

Contemplo uma vida de longe...
Uma vida em que me sinto presa numa paisagem de onde não quero sair.
O mundo é muito mais assustador lá fora, dizem.

Nada envelhece, nada amanhece ou anoitece.

Retida numa miragem de loucura.

Imortal permaneço.

Aos pés de um banco de jardim


Na minha ausência poderão encontrar folhas soltas brincando ao vento, sentadas em bancos de jardim, espreguiçando-se e chamando por mim.


Travessas, pouco repousam nos sublimes leitos.

Vão namorando planetáriamente as caras que mais abaixo esperam encontrar.

Mas ninguém pára para as lisonjear.

Mas ninguém pára com intenção de as escutar, e se param, não mais é para resfolegar.

Nesse tempo...,

Vão caindo pouco a pouco como lhes manda o vento.

Aguardando quem lhes dê mais vida do que a vida que exibem coloridamente.

Áridas...,

Sofrem por quem dê por elas.

Coragem!

Porque não há quem vos oiça, nem mesmo quem se senta ao vosso lado, descuidadamente.

Como folhas velhas que serão sentam-se para avivar as lembranças e assim se mantêm vivas durante algum tempo.

Por fim, entristecem no plano que tanto as esperava.



Porque serraram os olhos de Adão?