sábado, dezembro 22, 2007

Actos de Coragem I

– “Adeus.” – Disse ela sufocando as lágrimas que insistiam em se pronunciar. Tentara esconder as marcas do seu sofrimento, no entanto, sabia que, aquele sim seria o trilho certo. Não o mais simples mas, o certo. Corajosamente olhava rosto a rosto o Homem que a seu lado queria perpétuamente. – “Adeus. Adeus porque não dá. Adeus porque quero viver independentemente deste meu amor. Adeus porque não me deixas respirar e eu preciso de ar. Adeus. Não insistas mais no que recusaste ter. Não me procures em noites frias, em dias alcoolizados; não te lembres de mim: dos meus cabelos, dos meus lábios, do meu sabor, da minha textura, do meu corpo, dos meus seios, do meu sexo, dos meus contornos, dos meus olhos… Apenas não te lembres de mim quando não tens mais nada para fazer. Esquece quem não precisas lembrar assim, eu esquecerei quem não quero amar. Segue o teu destino longe do meu, que eu seguirei o meu tão ou mais longe do teu. Adeus. – ”, disse ela sem recuar em nenhuma palavra e afastou-se milímetro por milímetro, segundo por segundo. Partiu e nem deixou rasto para descargo de consciência. Partiu invisivelmente das mãos que a encarceravam. Um grito sem voz deu-se em redor de todos os cantos do universo mas, ninguém a ouviu senão ela própria. Bastou. E virou costas ao sentimento ascético que a tornara invisível durante anos.