sábado, novembro 05, 2005

Libertação


 

vamos. dá-me a mão
aceita o meu convite,
deixar-me-ás feliz.
vem comigo e quebra-te a ti própri
o
,
quebrado todos os nuncas que proferiste,
quebrando todas as promessas inquebráveis.
vem.

vem comigo e solta-te de velhas promessas
- ditas momentaneamente -
vem.

vem comigo e solta-te daquilo a que te acorrentaste
hoje não tendo significado ou sentido algum
vem comigo e recria novos nuncas,
Nunca cumprindo nenhum.


Pedro e Inês ou Amor Português?

Na corte e no reino – tudo se sabe –
e os amantes são discretos,
até o dia em que a ameaça
nascerá nos seus corações;

Na noite se fazem e desfazem,
os mitos, as histórias de contar
encantadoras de homens sonhadores;

As histórias contadas, dramatizadas,
gravadas em pedra,
escritas em velhos livros e,
pelos mais antigos relembradas,
comovem e inspiram os mais fracos no amor.

Batalhas contra sentimentos
sem mais tarde arrependimentos.
Amor erótico, amor cortês,
amores políticos, amor português;
razões do coração e do Império.

Infinidade de contos de fadas
que em banho de sangue terminam,
amor e morte,
unidos para a eternidade.

Merecedores dos melhores títulos
de romances de cavalaria.
Sentimentos bravos perante
olhares conservadores,
blasfémias e feitos destruidores;

Seja qual for a razão,
mesmo contra uma paixão,
não existe rei ou barão,
tendo veias dominadas de sangue azul,
que se contente com última batalha.

E hoje, hoje, nos dias de hoje,
não existem príncipes, nem princesas,
apenas homens e mulheres,
com papeis de príncipes e princesas,
lutando pela sua felicidade.
Outros sendo reis e rainhas,
manejando o seu poder para a dificuldade,
e a sua vontade como lei.
Mas ainda é bem verdade,
que por vezes, os grandes amores,
também mal acabam, diante gargalhadas,
gostosas com a desgraça.

O seu passado,
de onde são suas raízes,
se tem reputação, valia,
tanto para o entrave d´uma felicidade.

Pescador



Olha em frente pescador

E guarda no olhar o horizonte

Amarra na rede o pôr do sol

E sepulta na areia o ontem


Iça as velas com teu sopro

E lança-te sobre as ondas infindáveis

Conduzindo o remo bravamente

Pescador de pulso forte
 

uma visão apartir de hyubrus



duendes, fadas, criaturas de encantar
cavalos alados, unicórnios, castelos de sonhar
varinhas mágicas por agitar

maravilhas de outro mundo
onde tu te podes encontrar
sem espelhos e feitiços
apenas lagos de luar

sons cristalinos dos mais belos que há
em mais lado nenhum poderás escutar
abre a porta da tua mente e deixa-te levar...


Amigos e Amigos



amigos que sorriam para nós sem medo
e agora sorriem com um olhar azedo

amigos que por mais desfeitas
palavras amargas e olhares quebrados
mantemos no peito sempre guardados
mais ainda quando são amados

Liberdade Condicional



As crianças brincam na rua
que fora há pouco baptizada,
um pedaço perdido
no meio de tanta estrada.

Sentados na sua borda
descansam os corpos cansados.
Olham em direcção ao nada:
Nunca se sentirão amarrados.

Sem Tempo



As horas são como cavalos atiçados
pelas bicudas esporas
em botas de cavaleiros temerosos.

Um Passado Bem Longínquo



meu esforço foi grande
em ser tudo o que detestavas
o ar que respiras-te
perto do meu
foi separado por mim
num empurrão de sentidos
deliciados com a tua presença
o copo por onde bebias
e esquecias a razão
foi-lhe lançado pragas
de sofrimento e angústia
 

Adeus.


Apoiada na minha bengala
sinto-me serena
frente a um querer tão forte
como o meu: de que nunca
chegarás a montar o puzzle
que me constrói,
pois nunca perceberás
o adeus que te é dito,
porém já mais sentido.

POESIA



Qual destino seria o teu,
ao viveres como muitos
desconhecedores da essência
que te mantém doce
nos eternos salgados sabores?

Que seria de ti amiga
– espero não estar a ser ousada –
se te retirassem todo
o sagrado que vês e sentes?

Que seria feito de ti sonhadora realista,
se o sol fosse roubado por piratas ,
a lua desaparecesse de desgosto,
os montes e vales morressem de saudade,
a água terminasse por sua vontade,
o vento fugisse a sete pés,
a terra parasse de tristeza,
e por fim a vida acabasse?

Em que caixinha pequenina
te refugirias agora, pequena?

Sentes a vulnerabilidade
a que poderias pertencer?

Onde guardarias essa visão,
merecedora de outro mundo
como abrigo?

Resumirias a quê,
essa tua sede de vida;
a chama ardente de viver?

Enquanto tal não acontece,
Vive minha querida!
Que viva quem o souber!
E continua complementando-nos.

Sopro eloquente



Os rubros são a intensidade dos sentimentos
ilógicos, quentes, acesos, febris.
Vivamos a totalidade da profundeza.
Quebremos a armadura espinhosa
com palavras compostas por descrições imaturas.
Silenciemos o esconderijo do absurdo
para que a cegueira seja incentivo de muitos.

A cegueira um caminho de início perdido;
para outros um incentivo.

ENLEIO


Há ocasião em que
minha mão cerra de raiva;
palavras não me chegam!
Nada serve dizê-las!
Quem escutará ou perceberá?
Quem fechará os olhos
e ouvirá com o seu interior
aquilo que a voz não revela?

Pego na angústia da incompreensão;
passo dias servísseis à vida.
Uns que sou Atlas,
outros em que sou gato vadio,
encovado no caixote de lixo vizinho,
pedinchando socorro aos que enxotam
e magoam a pontapés;

E há gritos soltos de felicidade instante,
outros de infelicidade constante.

E há palavras que não se ouvem
de quem se ama;
há palavras que não se dizem
a quem nos ama.

E há cadeirões cobertos de teias,
aos quais me junto e deixo ficar.

E há palavras que guardo
na mente ou em pedaços velhos de papéis;
(não as deixando partir
- pois me desvendem - ).

E há dias em que chuva
é pedra de calçada
sobre o maior oceano
que é minha casa.

Ao acordar,
há um brilhante dia lá fora,
que não troco por diamante nenhum
e há uma companhia que desejo
que não troco por mundo nenhum;
há suspiros de amor encurralados
nas persianas da minha janela;
há campos floridos lá fora
e há um mundo esperando por mim...
 

Chaînes


Roo complet les chaînes
qui à moi même m'emprisonnent.
Je deviens effronté la rouco cri mutilé
à l'arrosage de lui avec l'essence elle-même de vie.
Ils et ferment les portes de ma maison
où je me cache et recomponho dans fantaisie.

Mirage

As noites são secas.
Os ventos não sopram,
de tão quentes que são
e o calor instala-se;

O livro encontra-se só
no parapeito da sua janela,
folheando-se a si próprio,
enquanto banhos de lua toma;

Nos corredores do seu abrigo,
passeia seu belo porte
- dourada como campo de trigo -
sem roupa alguma qu´a suporte;

Cheirando a canela movimentos;
a jasmim, alecrim, sei lá...
Para mim doces tormentos
na noite abafada que está;

Pouse para mim Miragem,
envolvida em tâmaras;
Pouse para mim Miragem,
vestida em tons de cetim;
Pouse para mim Miragem.

Quem És?

E foi apenas um adormecer
para me ver olhando
um vulto negro e sombrio
bem lá no fundo do alcance.

Um rapaz, talvez , já um homem…
Estamos longe, todavia,
não há ângulos entre
meu olhar e aquele ser.

As íris dos meus olhos claros
dilataram diante da minha vontade
ao querer ver quem ele é.

Contudo não o enxergo,
não tem face, nem braços,
nem pernas, nem tronco,
ou boca que me fale,
olhos que transmitam algo.

Somente vejo o seu vulto
reflectido num espelho anterior
que copia cada movimento seu.

Vejo sombra, negra,
pouco nítida, desaparecendo em momentos
e sola de sapato,
cuja embala o corpo
numa corrida permanente.

Não vem a meu encontro
o homem de longe.
Vem correndo, pisando
as mesmas pegadas.

Estendo a mão, o braço, o corpo
a um desconhecido, a uma sombra,
que me atrai, que hipnotiza,
que sem palavras percebo seu sofrimento,
que me grita na mente e pede por meu socorro,
que me olha olhos nos olhos de olhos fechados
e eu?! Eu nada percebo, apenas me viro mais uma
e uma vez mais na cama. Na cama gelada, abandonada de esperanças.

Aujourd'hui n'a pas su parler,
n'a pas su agir,
ni aussi peu feindre;

Aujourd'hui ils n'ont pas demandé un mot,
même un baiser.

Um dia Anormal



Hoje não me apetece escrever,
quase que nem sei como o fazer
Sinto-me, Hoje, feliz.
Esqueço-me da sombra dos Olivais,
não há amargura que em mim paire,
apenas raios quentes do Verão.
Vejo as miragens do calor
afogarem-se em saudades
- Saudáveis para quando escrevo.
Prejudiciais ao meu bem estar -
Hoje, e apenas hoje,
não sei escrever como escrevo.
Hoje, e apenas hoje,
não sei rimar versos secos,
versos e versos, versos com versos,
versos frios de verdade,
versos que falam de saudade,
versos da minha realidade.
Pedacinhos do que sou.
Hoje, e apenas hoje,
há no ar felicidade!
 

CX - II

Nada mais sentes que não as ondas de meu coração
rebentando na costa perdida do teu peito;
crinas de cavalo enraivecidas como maré
unicamente domadas pela tua branda mão.

As palavras são longas e calmas,
cobertas de mel e frutos silvestres,
polvilhadas com pó de baunilha.
O toque longínquo, porém suave e terno é,
e o pecado cresce tentadoramente.

Adoçar a minha frieza
suplico-me para que te deixe,
não querendo ficar desamparada
no circulo que própria risquei
fechei e me tranquei.
Não pertences ao meu mundo,
não me pertences tentação...

Difícil será adoçares meus pensamentos,
enquanto souber que não poderás ser meu.

E aqui perco a coerência da minha opinião,
ao dizer que ninguém é de ninguém,
estando triste, pois, não me pertences!
Mas,
nem mesmo isto te doma,
nem mesmo isto me proíbe a vontade;
que também é criada por ti.

CX - I

Aprecio a noite por um convite teu.
Juntos apreciamos o que ela tem para nos dar.
Convidas-me para sentires o meu sorriso;
convidas-me para sentires o meu espírito;
convidas-me para me sentires, hoje.

Estrelas cintilam na noite abafada.
Recostada a teu lado procuro
pela moça que levita da igualdade.
Sangrenta hoje está,
pisando um horizonte tão nosso.
Vejo o teu olhar entrelaçando-se no meu
como vides de cepas por desbastar
em vinhas não conhecedoras de seus donos.

A moça camufla-se envergonhada,
o futuro desaparece,
o passado nunca existiu,
e nada nos apoquenta durante instantes.
Caçados pela rede do desejo,
escolhidos assim de livre vontade
pelo o acaso da vida.