sábado, novembro 05, 2005

ENLEIO


Há ocasião em que
minha mão cerra de raiva;
palavras não me chegam!
Nada serve dizê-las!
Quem escutará ou perceberá?
Quem fechará os olhos
e ouvirá com o seu interior
aquilo que a voz não revela?

Pego na angústia da incompreensão;
passo dias servísseis à vida.
Uns que sou Atlas,
outros em que sou gato vadio,
encovado no caixote de lixo vizinho,
pedinchando socorro aos que enxotam
e magoam a pontapés;

E há gritos soltos de felicidade instante,
outros de infelicidade constante.

E há palavras que não se ouvem
de quem se ama;
há palavras que não se dizem
a quem nos ama.

E há cadeirões cobertos de teias,
aos quais me junto e deixo ficar.

E há palavras que guardo
na mente ou em pedaços velhos de papéis;
(não as deixando partir
- pois me desvendem - ).

E há dias em que chuva
é pedra de calçada
sobre o maior oceano
que é minha casa.

Ao acordar,
há um brilhante dia lá fora,
que não troco por diamante nenhum
e há uma companhia que desejo
que não troco por mundo nenhum;
há suspiros de amor encurralados
nas persianas da minha janela;
há campos floridos lá fora
e há um mundo esperando por mim...
 

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